Francisco Luís Amaro (1923) é um completo homem de letras, produzindo páginas como poeta, articulista, revisor literário, editor, memorialista, sendo hoje reputado como um dos mais atentos estudiosos da história literária contemporânea portuguesa. Durante largos anos atuou na Portugália Editora e na Revista Colóquio/Letras, colaborando paralelamente em diversas revistas literárias, como a Távola Redonda, a Portucale e a Seara Nova. Foi ainda co-fundador das celebradas folhas de poesia Árvore. Tendo privado de muito perto com alguns dos maiores autores portugueses do nosso tempo, reuniu vasto arquivo literário e epistolar que doou à Biblioteca Nacional de Portugal. Esta selecionou parte de tão precioso acervo para compor uma exposição (de 7 de maio a 29 de junho de 2013) em homenagem aos lúcidos e produtivos 90 anos do autodidata intelectual, que, segundo Vasco Graça Moura, é “a pessoa que mais sabe em Portugal sobre livros e escritores”. Transcrevemos a seguir o seu depoimento sobre Jorge de Sena em texto originalmente editado na «revista de poesia» lisboeta Relâmpago nº 21, de 2007 — revisto e atualizado em agosto de 2013 — e que inclui carta inédita de Sena a Amaro, ambos então jovens e amigos. (LJdS)
Data de muito cedo – teria eu apenas dezanove anos – a primeira vez que, em certa manhã de 1942, na antiga e lisboeta Livraria Portugália, da Rua do Carmo 75, me deparei com Jorge de Sena, amenamente à conversa com Manuel da Fonseca, talvez já o fulgurante autor de Aldeia Nova (contos, março daquele ano), edição da casa onde me empregara em setembro de 41. Deu-se o encontro provavelmente antes de maio, pois não tardei a avistar o poeta na Feira do Livro, na Avenida da Liberdade. Recordo a invulgar simpatia do escritor não famoso ainda, o interesse dele pelos clássicos quinhentistas (creio que trazia consigo o volume das Obras de Frei Agostinho da Cruz), aos quais chegou a dedicar no jornal O Globo (“Poesia enterrada viva”, 01-IX-1944) toda uma página antológica.
A extrema acessibilidade de Jorge de Sena, mais velho que eu só três anos e meio, fez com que o nosso relacionamento se firmasse, não direi intimamente, mas, da minha parte, com imprevisto à-vontade. Já de nome o conhecia, da única referência que tinha dele, a Ruy Cinatti ouvida na Livraria, proclamando, entusiástico, “o Jorge” a alguém que não posso precisar – Tomaz Kim, talvez – como a maior revelação crítica da época: revelação essa a lançar pela revista Aventura (no. 1, maio 1942), que ele, Cinatti, inesquecível “criança grande”, mas de notória maturidade cultural, poeta de Nós não somos deste mundo, dirigia com o puro ardor que em tudo punha.
Importa sublinhar, situando ou clarificando estas relações pessoais com o autor de Perseguição e o consequente intercâmbio epistolar que cresceu com o seu exílio, o importante papel que, de início Livraria Editora[1], e depois, simultaneamente, núcleo editorial autónomo na Avenida da Liberdade, 13-3°. Dt.º ambas as Portugálias exerceram no ambiente literário nacional de 30 até ao fim de 70 – para não recuarmos já à década de 20, ou, mais exatamente, à fundação, cerca de 1918, da PORTVGALIA EDITORA [sic], com Heitor Antunes principal sócio (mais tarde radicado no Brasil, onde morreu) e repartida a empresa, logo, pelo Rio de Janeiro: assim consta da edição, única que possuo de 1918 com a chancela “portugálica”, do livro “SOLDADO:QVEVAES Á GVERRA…” // Novas:Redondilhas //De Antonio Corrêa d’Oliveira //Impresso em Lxª. MCMXVIII. Na respectiva loja, de não vasta dimensão, se reuniam, segundo testemunhos epocais, relevantes figuras das letras, das artes, da política, de heterogéneos sectores – como, é agora de supor, o tão queirosiano Conde Sabugosa (um dos “Vencidos da Vida”, gloriosa mentira…), o mais aristocrático autor da casa e ao qual a PORTVGALIA EDITORA consagraria, em 1924, opulento ln Memoriam, desveladamente organizado por José António Correia, também sócio-gerente, até 1937, da Livraria.
Essa frequência intelectual mantinha-se ainda qualificada quando, há sessenta e seis anos (!), ingressei no histórico estabelecimento, apenas quatro meses volvidos sobre a inauguração da Livraria Portugal, no prédio fronteiro e sob a gerência dos mesmos sócios, Pedro Ferreira de Andrade, Raul Luís Dias, acrescidos de Henrique Pinto e com dois capitalistas. Moderna e ampla, a Portugal, em 5 de maio de 1944 fundada, encerrou há meses as suas portas, devido à crise que nos avassala, finda a euforia de Abril. E também já não existem os que lhe deram vida, à Livraria Portugal.
Regressando à casa-mãe: nela convergiam, como antigamente, os mais diversos e adversos grupos convivenciais, cada um para seu lado (em quantas ocasiões António Sérgio se cruzaria com o seu feroz antagonista Alfredo Pimenta! De ambos, por sinal, guardo boa lembrança). Acrescente-se que a Livraria Portugália, no limiar dos anos 40, distribuía, por vezes lançava (Alves Redol, o de maior êxito, e Manuel da Fonseca…) as obras dos novos enquanto prosadores, não se arriscando a editar poetas (que me lembre só o Mário Beirão de Novas Estrelas [1940, Prémio da Academia], o Alfredo Pimenta de Últimos Echos de Um Violino Partido [1941], o João Saraiva de Sol-Posto [1942])… Das novas gerações, designadamente a dos Cadernos de Poesia (Cinatti, Kim, o próprio Sena de Perseguição), da neorrealista (Manuel da Fonseca, Rosa dos Ventos, 1940), e da de Eugénio de Andrade (Adolescente, 1942; As Mães e os Frutos, 1948), a casa era simplesmente depositária ou distribuidora, e sê-lo-ia, já Portugália Editora, da estreia de Sebastião da Gama (Serra-Mãi, 1945). Assim prosseguiria, salvo raras exceções, até 1961, quando a Editora propriamente dita, então literariamente orientada por Augusto da Costa Dias (após efémera passagem, nela, de Jorge de Sena), criou a coleção “Poetas de hoje”, com predomínio neorrealista (ouvi, um dia, Joaquim Namorado, que por acaso não chegou a ser incluído na coleção, lamentar, receoso, ao seu camarada ideológico, a inclusão, na mesma, de Saúl Dias, Cabral do Nascimento…). Dos “Poetas de hoje” saíram 39 volumes até 1972 (último, de José Augusto Seabra: Tempo Táctil). O nº. 33 foi, precisamente, de Jorge de Sena (Peregrinatio ad Loca Infecta, 1969). Também da iniciativa de Costa Dias, a série dos “Novos”, que revelou ou reafirmou jovens poetas, dramaturgos, contistas, romancistas – Fiama, Gastão Cruz, Casimiro de Brito, Luiza Neto Jorge, José Augusto Seabra, César Pratas, Herberto Helder (Os Passos em Volta), Almeida Faria (Rumor Branco), Almeida Faria, António Rebordão Navarro, Ivette K. Centeno, Baptista-Bastos…
Anteriormente, e já propriedade exclusiva de Agostinho Fernandes, que nos anos 20 financiara a revista Contemporânea, a Editora convidara Jorge de Sena a organizar a 3ª. série da magna antologia Líricas Portuguesas (1958). Passados tempos, e ascendendo ele, no exílio em São Paulo (Brasil), a professor catedrático, a casa editou-lhe imponentes estudos camonianos (Uma Canção de Camões, 1966…), os contos de Novas Andanças do Demónio (id.), exaustivos prefácios-ensaios, e, a exemplo do que já Gaspar Simões fizera em relação ao amigo no limiar dos anos 40, traduções de célebres autores ingleses e americanos.
De tal operosidade intelectual, verdadeiramente assombrosa, e com o autor vivendo, a partir de finais de 59, no estrangeiro, resultou que a correspondência entre o escritor e o “secretário” da Portugália – editora que, de resto, não poderia absorver-lhe a torrencial produção – fosse crescendo sempre. Do material epistolográfico seniano a mim dirigido e que, nas múltiplas andanças domiciliárias em Lisboa, me foi possível guardar, há um total de 135 documentos (datados de outubro de 1943 a 23 de setembro de 1977) na Biblioteca Nacional-Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea, desde dezembro de 1981, quando o saudoso João Palma-Ferreira dirigia aquela instituição.
Mas, para além de motivações editoriais de ordem bibliográfica ou, digamos, prática, Jorge de Sena manteria até morrer, a 4 de junho de 1978, generosa estima pessoal ao camarada obscuro: facto que se comprova não só na correspondência, ou nos sucessivos encontros em Lisboa, também em dedicatórias nos livros que ia publicando, a partir da sua estreia poemática, Perseguição (Ed. Cadernos de Poesia, 1942). É certo que algumas, raras, intermitências houve em tais ofertas senianas, talvez devidas, as lacunas, ao abismo cultural entre nós e que me levava a, com a audácia dos tímidos, não calar a primária dificuldade em seguir-lhe os voos, no verso e na prosa[2]. Lembro-me de, provavelmente no seu primeiro retorno a Lisboa (dezembro de 1968), lhe ter falado nisso e, a propósito da fase inicial da sua obra, jamais renegada aliás, ele me responder, tolerante: “Não me admira que você não compreendesse. Eu queria ser surrealista … “. Noutro encontro, a uma vaga objecção quanto a um seu texto juvenil, volveu-me: “Mas eu já existia nessa altura?!”
Enganoso seria, porém, pressupor “humildade” (!) em quem não escondia a exacerbada consciência de seus altíssimos méritos. Quando muito, haveria nele uma risonha autocrítica, que se depreende destoutra dedicatória, numa separata de Resenhas, da época brasileira: “Ao Luís Amaro, estas sábias ironias sobre o exercício da crítica, doutamente subscritas pelo sempre seu / Jorge de Sena / Araraquara, São Paulo, Brasil / agosto de 1965.
” Imagine-se a comoção com que recebi, já morto o autor inestimável, o seu derradeiro volume publicado – Régio, Casais, a “presença” e Outros Afins (Porto, Brasília Ed., Out. 1977): “Ao Luís Amaro, infalível e insubstituível, que talvez saiba de algo mais que eu escrevi e esqueci neste livro, com o velho abraço amigo de algumas décadas de / Jorge de Sena / St. Barbara, Março 78″.
Não valerá a pena anotar que o elogio incidia no meu inalterável “devotamento” presencista, de que, julgo, dei algumas provas. As restantes palavras são como que uma despedida, um adeus final e corajoso, em letra firme e lúcida, a breves e fatais semanas de nos deixar.
Ele era, antes de tudo, e a coincidir com o ser complexo e exigente, não raro contraditório e explosivo porque incompreendido na sua altitude – um afetivo, leal às antigas amizades, solidário nos momentos sombrios daqueles que estimava. Virtudes que não excluem o implacável espírito crítico, o irritado melindre, a desenganada reserva quanto às relações literárias (mas quantas exceçõesabria também!), a causticidade ora oportuna ora injusta; ou, ainda, a humaníssima falibilidade. Facetas, elas todas, que se refletem nas temíveis Dedicácias(ed. póstuma, 1999) ou se desprendem da enorme massa epistolar seniana vinda já a lume e, decerto, na que está inédita ou em vias de publicação. No monumental conjunto, porém, a sua obra espelha uma das mais ricas, multímodas, fascinantes (e perturbantes) individualidades da história literária portuguesa contemporânea e, porque não?, de sempre.
MASSAMÁ, 2007, 2013.
Carta de Jorge de Sena a Luís Amaro
Tancos, 25/10/43[3]
Meu caro Amaro
Recebi a sua carta em que me pede colaboração para a página[4] que V. está prestes a dar à luz. Engana-se redondamente quando supõe que a província me não interessa. A província interessa-me por ela própria, é o caso, e não como extensão da capital, maior palco para a exibição citadina dos talentos literários. E se até aqui nunca colaborei em nada de provinciano (passe o adjetivo), foi apenas porque nunca as circunstâncias me proporcionaram esse poleiro pa. informação. A província, por culpa de quem escreve, tem falta de vista e, portanto, falta de óculos com que a possa corrigir. E depois… , a maior parte das vezes, as lunetas que de boa mente lhe fornecem não lhe assentam no nariz. E digo boa mente, para não me referir ao mais vulgar aspecto da questão: o fornecerem-lhe lentes de cor, que ela usa sem saber que as usa nem os erros de visão que elas provocam.
É tão fácil dizer cobras e lagartos de quem os outros não conhecem! É fácil, cómodo, seguro: e a justiça é assim, quantas vezes também na capital, sacrificada a altos fins. Desconfio sempre dos altos fins que confundem a justiça necessária com a justiça suficiente.
Os originais que me diz ter são, de facto e em princípio, uma garantia de qualidade. Que o J. P. de Andrade[5] lhe tenha dado teatro e não prosa especulativa é coisa para deitar foguetes em louvor do bom senso e bom gosto que, parecia, ele ia perdendo. Quanto ao meu envio urgente, será uma urgência até ao fim da semana, o mais tardar. Não tenho nada e vou tentar escrever depressa e bem, com a melhor boa vontade. Crítica a livro português recente? Ensaio? Não sei ainda. Mas é de lembrar que ando bem fora das novidades e, felizmente, das pugnas…
Creia sempre no
Jorge de Sena
P. S. Comecei a escrever uma prosa; vai mais depressa do q supunha. Mando-lha amanhã ou depois.
NOTAS
[1] Remeto o leitor interessado (como eu próprio, afinal…) por estas minudências para a p. 48, nota 1, do catálogo Presença de João Gaspar Simões, “Exposição Comemorativa do Centenário do Nascimento”, Lisboa, Biblioteca Nacional, 2003. A nota, no meu “Esboço de Uma Bibliografia Crítica, com presença dentro”, diz respeito a um parágrafo da carta de Fernando Pessoa, em 28-VI-30, para Gaspar Simões: “O que vem a ser o conteúdo de dentro de um manifesto, assinado por três dos rapazes vossos amigos e colaboradores, de que me deram um exemplar na Livraria Portugália?” (subl. meu). É lícito deduzir que também Fernando Pessoa frequentava, ao tempo, o “centro intelectual” da Rua do Carmo. Em cuja Livraria funcionara outrora um Gabinete de Leitura de que Florbela Espanca era utente (cf. também o meu texto introdutório do álbum homenageando Agostinho Fernandes […], Lisboa, 2000, p. 11 e passim).
[2] Disse que muitas vezes me não era acessível a poesia de Jorge de Sena, de nobre elocução sempre, de início de timbre surrealizante e, a partir de Pedra Filosofal (1950), menos “difícil” embora, dum classicismo cultista porventura afim do de Nemésio (Nem Toda a Noite a Vida), mas dele tão diverso (felizes os leitores que “decifrarem”, na íntegra, a Mensagem pessoana!). E, todavia, dois casos houve em que o ingénuo lírico (eu) e o grande poeta ultramoderno (Sena) talvez se encontrassem, por interpostas vias: intitulam-se os textos “Dádiva” / “Uma pequenina luz”, e “Nada mais quero … ” / “Súplica final”. Será precisa, aqui, a autoflagelação?
[3] Com o timbre, riscado, da Companhia Nacional de Navegação / Lisboa. Rigorosamente, a “primeira carta” foi… um bilhete-postal, emitido de “Tancos, 19/10/43″ por “Jorge de Sena / Cadete do C.O.M. / E.P.E. / Tancos”, e do teor seguinte:
Caro Amaro
Cá recebi o jornal, e mto. obrigado. Fiquei, assim, bem ciente do que, em tempos, disse. Então de provas nada?
Creia sempre no amigo
Jorge de Sena
À distância de tantos anos, não me é possível lembrar de que jornal se tratava. Quanto às provas, seriam da 2.ª edição, revista por Sena a convite de João Gaspar Simões, o fundador literário da Portugália Editora, de Os Melhores Contos Americanos – 1.ª série, com traduções de Fernando Pessoa (dois contos de O. Henry, extraídos da revista Athena, nº. 2, Lisboa, 1924), de Tomaz Kim e de João de Oliveira, nas “Antologias Universais”. A casa em que eu, desde a primeira hora, trabalhava – a referida Portugália Editora, criada em setembro de 1942 sob a gerência de Raul Luís Dias – distinguia-se, na época, por uma atividade intensa, só comparável à da Editorial Inquérito, dirigida, também em Lisboa, por Eduardo Salgueiro, a cuja memória de grande editor ex-poeta devo igualmente preito.
[4] As condições em que, sem família na capital, então vivia, por quartos ou pensões, não me possibilitaram o projeto, no semanário Ecos do Sul, de Vila Real de Santo António. Todavia, já tinha assegurado o apoio não só de Jorge de Sena e de João Pedro de Andrade como de Castelo Branco Chaves, Alberto de Serpa, Tomaz Kim, António de Navarro, Manuel do Nascimento e outros com quem privava. Na minha carta-convite, datada de 23-X-43 e cuja cópia me foi gentilmente facultada por Mécia de Sena (ah, prodígios de organização!), traçava eu considerações sobre a pretensa “aridez” cultural da província, tema desenvolvido na resposta do poeta.
[5] Sublinho que João Pedro de Andrade (1902-1974), dramaturgo, crítico, ensaísta e novelista, havia posto algumas reservas, naturalmente provindas duma formação cultural autodidática (no superior sentido!), ao seu livro de estreia, Perseguição (cf. Seara Nova, nº. 798, de 28-XI-42), e, mais tarde, à Coroa da Terra, também de poemas (cf. Diário de Lisboa, 19-VI-46). Apesar de ambos se estimarem e admirarem, João Pedro de Andrade, com a isenção que lhe era peculiar, tornaria a não se mostrar incondicional de Sena, agora enquanto autor, este, da peça em verso O Indesejado (António, Rei) (cf. Seara Nova, 05-IV-52; reprod. em Reflexões sobre o Teatro Português, Lisboa, ed. Acontecimento, 2004, pp. 100-107). O dramaturgo respondeu-lhe, na mesma revista, n.º 1252-53, de 31-V-1952, seguido de comentário de J. P. de Andrade (apud J. Fazenda Lourenço e F. G. Williams, Uma Bibliografia Cronológica de Jorge de Sena, Lisboa, I.N.-C.M., 1994, p. 102). Anteriormente, ainda na Seara Nova, nº 1248-49, de 29-III-52, Sena manifestara, ao “retomar sozinho” (?) as “crónicas de teatro que durante tanto tempo […] [partilhara] com J. P. de A.”, “o [seu] apreço pelo crítico honesto – e pelo dramaturgo de mérito […]“; reprod. em Jorge de Sena, Do Teatro em Portugal, Lisboa, Ed. 70, 1989, p. 153. Em 1969, num ensaio acerca de “A Crítica Portuguesa no Século XX”, inclui João Pedro de Andrade, muito justamente, nos críticos “mais abertos [nas hostes neorrealistas] a uma compreensão menos proselítica da literatura”, colocando-o, nesse contexto, a par de Joel Serrão e Mário Sacramento (cf. Estudos de Literatura Portuguesa – III, Lisboa, Ed. 70, 1988, p. 102).