Em setembro de 2022, a editora Sistema Solar, juntamente com a Fundação Cupertino de Miranda publicou a correspondência de Fernando Lemos e Jorge de Sena, com apresentação de Perfecto E. Cuadrado, transcrição de Isabel de Sena e Edição, notas e índice de Rui Moreira Leite e Isabel de Sena, além das fotografias de Fernando Lemos.
O livro é uma grande contribuição para o conhecimento e estudo de dois grandes nomes da arte portuguesa do século XX. Tanto Fernando Lemos quanto Jorge de Sena foram diretamente afetados pela ditadura salazarista, se vendo obrigados a deixar Portugal. Esta experiência compartilhada de exílio é um dos pontos principais da correspondência, que revela o grande companheirismo e estima que um tinha pelo outro.
Eis a sinopse do livro:
«É verdade mesmo. E agora?
Nobre povo, nação valente!
Infelizmente não posso ir lá tão depressa. Estou, além do mais, num cansaço interior muito estranho. A gente, de repente, ter que acreditar de novo na nossa gente! […]
Dá-me um abraço, nós precisamos fazer força e ficar orgulhosos. Aconteça agora o que acontecer, o troço é irreversível.»
Fernando Lemos, 3 de Maio de 1974
«De repente, veio a notícia de novo golpe, e triunfante. E, logo depois, as notícias (e os jornais não deixam lugar a dúvidas) de que o golpe é realmente, em marcha, a revolução que sempre desejámos. Isto devia dar-me uma alegria imensa.
[…] Dá-me igualmente a sensação de que, na verdade, o nosso sacrifício foi ainda pior do que tão amargamente nos pesava, e é feito de um “exílio” que, agora, vai ainda ser mais duro por parecer injustificado.
Não é tanto o ter de acreditar na nossa gente que renasce (no fundo nunca deixámos de acreditar), como o sentirmos que, no momento da liberdade, nós somos restos mortais de outro tempo que já não é este. E isto dói como o diabo.»
Jorge de Sena,
9 de Maio de 1974
O livro pode ser encontrado à venda no site da editora e em diversos sites de livrarias.
Você ainda pode ver uma prévia neste link.