Encerrado o ano de 2010 com mais duas ótimas notícias no que diz respeito à edição de obras de Jorge de Sena. Dando prosseguimento ao projeto de publicação das Obras Completas do autor, a Guimarães Editores acaba de (re-)lançar o volume 80 Poemas de Emily Dickinson, um belo encontro entre a poetisa norteamericana e o poeta português, num livro que, esgotado há muitos anos, é um bom exemplo de uma das vertentes da produção seniana: a do tradutor. Ao mesmo tempo, a Guerra & Paz – editora que já havia publicado a correspondência de Jorge de Sena e Sophia de Melo Breyner Andresen (já em sua 3a. edição) – lança a correspondência até então inédita entre Jorge de Sena e Raul Leal, um dos menos conhecidos colaboradores de Orpheu.
De acordo com Jorge Fazenda Lourenço, em depoimento registrado no site da editora, «Esta breve, mas intensa, correspondência vem recordar Raul Leal como uma das grandes figuras do nosso modernismo. As suas cartas, dominadas por um êxtase de linguagem, chamam a atenção para aquele veio ocultista, esotérico, que foi uma das matrizes dos poetas da Orpheu, na continuidade de algum simbolismo e decadentismo finissecular. Quanto a Jorge de Sena, esta correspondência vem mostrar, uma vez mais, a importância do seu trabalho de mediação, feito pelo convívio e admiração crítica, na afirmação de uma plêiade de poetas que ousaram ser modernos em Portugal.» Em suas 136 páginas, Jorge de Sena / Raul Leal: Correspondência 1957-1960 traz 19 cartas de Raul Leal, seis de Jorge de Sena e ainda uma introdução de Mécia de Sena e prefácio de José Augusto Seabra, que afirma: «A publicação da correspondência de Raul Leal e Jorge de Sena […] constitui um alto acontecimento cultural, para além de uma justa homenagem, como ela [Mécia de Sena] belissimamente escreve, a um grande espírito de fidalga e inesquecível presença.»