Ainda que em forma de sucinto relatório, são marcantes as impressões de uma primeira e pessoal descoberta do Brasil, pelo olhar do atento cadete Sena
Na madrugada de 21 fomos acordados por ordem do oficial do quarto. Estava terra do Brasil à vista: era o cabo Frio. A costa brasileira apresentava relevos arredondados cobertos de verduras e o horizonte terrestre que além se observava era todo verde. O mar manteve-se toda a manhã com calema e como navegávamos paralelos à costa sofríamos consequentemente um forte balanço bombordo-estibordo. Chegámos finalmente em frente do Rio de Janeiro. Entrámos na baía de Guanabara. Lá ao fundo a cidade com alguns edifícios altos destacando-se na brancura – o dia não está muito claro – um arranha-céus que deve ser o edifício da Noite. Vê-se um couraçado, o "S. Paulo" ou o "Minas Gerais", fundeado no interior da baía. O cimo do Pão de Açúcar comunica com o resto da cidade por meio de um transportador aéreo. Desenrola-se agora uma avenida junto a uma praia e nessa avenida há vários prédios enormes: a praia é Copacabana. Um forte fecha o extremo da baía. Lá longe no extremo interior vê-se o edifício longo da Escola Naval. Dominando tudo está o Corcovado com o seu Cristo gigantesco aparecendo por entre as nuvens. A baía é lindíssima. Os ilhéus da entrada arredondados e verdes são bonitos também. São cerca de 4 horas da tarde. Tivemos uma visão da capital do Brasil, na opinião de muita gente, o mais belo porto do mundo; cidade que para os brasileiros representa todo o seu Brasil, e que eles adoram acima de tudo e desejam mostrar a todos os estrangeiros. O navio continua o seu caminho porque o seu porto de destino não é o Rio. Outros lá foram. Nós vamos a Santos, um dos maiores entrepostos comerciais do Brasil, porto de descarga do seu Estado mais rico e onde trabalham milhões de portugueses.