1959 A 7 de agosto, chega ao Brasil, desembarcando no Recife e seguindo para Salvador, a fim de participar, a convite do governo brasileiro, do IV Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros, que transcorreu, de 10 a 21 de agosto, na Universidade da Bahia. Começa assim, com quase 40 anos de idade, seu exílio voluntário. No Rio de Janeiro, faz conferências na Faculdade Nacional de Filosofia. Em outubro, a convite de António Soares Amora, entra para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis (São Paulo), onde rege as cadeiras de “Introdução aos Estudos Literários” e de “Teoria da Literatura”. De 9 de outubro a 13 de novembro, nessa Faculdade, conduz um curso sobre “A criação poética e a crítica de poesia”, que origina o seu “Ensaio de uma tipologia literária”. A 17 de outubro, Mécia e os 7 filhos chegam ao Brasil. Integra o Conselho de Redação (até 1962) do jornal anti-salazarista Portugal Democrático, publicado em São Paulo desde 1956.
1960 Dirige a seção portuguesa da coleção “Nossos Clássicos” da Editora Agir, Rio de Janeiro. Recusa convite de trabalho numa firma de engenharia de São Paulo. De 22 a 24 de janeiro, participa da primeira Conferência Sul-Americana Pró-Anistia dos Presos Políticos Espanhóis e Portugueses, realizada em São Paulo, na Faculdade de Direito. A 30 de abril, conferência sobre “Portugal e a Monarquia”, no Centro Republicano Português de São Paulo. A 1 de junho, em Lisboa, nas comemorações pessoanas do Centro Nacional de Cultura, seu texto “O poeta é um fingidor” é lido por David Mourão-Ferreira. De 7 a 14 de agosto, participa do I Congresso Brasileiro de Crítica e História Literária, na Universidade do Recife, onde apresenta o “Ensaio de uma tipologia literária”. Sai Andanças do Demônio, sua primeira coletânea de contos. Publica o “Ensaio de uma tipologia literária”, no número inaugural da Revista de Letras, de Assis (SP). Sai, em Lisboa, dos Estúdios Cor, a História da Literatura Inglesa de A. C. Ward – “revista, anotada, prefaciada e completada na época contemporânea por Jorge de Sena”.
1961 Em janeiro, sai Poesia-I (com o inédito Post-Scriptum), primeiro volume da obra poética completa. De 24 a 30 de julho participa do II Congresso Brasileiro de Crítica e História Literária, em Assis. Em agosto, muda-se para Araraquara e para a respectiva Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, como professor contratado de Literatura Portuguesa. A 7 de dezembro, em Araraquara, nasce sua filha Maria José, afilhada de Gilda e Antonio Cândido de Mello e Souza. Demite-se, com Adolfo Casais Monteiro e Paulo de Castro, da direção da Unidade Democrática Portuguesa, de que fora co-fundador. O conto “A noite que fora de Natal”, com desenhos de Paulo-Guilherme, é distribuído pelos Estúdios Cor de Lisboa como brinde natalino a seus clientes. Publica O Reino da Estupidez e O poeta é um fingidor (ensaios). Em tradução, saem Palmeiras Bravas, de Faulkner, e Ti Coragem e os seus filhos, de Brecht (co-tradução de Ilse Losa).
1962 Escreve a tese Uma canção de Camões, destinada a provas de livre-docência na Universidade Federal de Minas Gerais, que não chegam a se realizar por questões burocráticas relacionadas com a sua naturalização brasileira e outras. Em Araraquara, além de Literatura Portuguesa e Teoria da Literatura, passa a lecionar Literatura Inglesa no 2º semestre. É ainda professor visitante na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Preto. No início de junho, palestra sobre a poesia moderna portuguesa na Mostra Internacional de Poesia, em São Paulo. Publica os “Quatros sonetos a Afrodite Anadiómena” no n° 2 da revista Invenção, dos concretistas de São Paulo. Em setembro/outubro, conferências no curso sobre o “Barroco literário”, organizado por Antonio Cândido, na Fundação Armando Álvares Penteado, sob patrocínio da USP. Nasce seu nono e último filho, Nuno Afonso, afilhado de Antonio Soares Amora.
1963 A 31 de janeiro, discursa no Centro Republicano Português, em São Paulo. Em março torna-se oficialmente cidadão brasileiro, o que lhe permite prestar provas de Livre-Docência. Em junho, começa a colaborar no recém-fundado O tempo e o modo. A 14 de agosto, conferência na “Semana euclidiana” de S. José do Rio Pardo. Em setembro, inicia a publicação da série de Estudos de História e de Cultura na revista Ocidente (Lisboa). Publica Metamorfoses, seguidas de Quatro sonetos a Afrodite Anadiómena (Lisboa); A Literatura Inglesa (São Paulo), Novelas inglesas (São Paulo) e A Sextina e a Sextina de Bernardim Ribeiro (Assis).
1964 Trabalha na edição do Livro do desassossego, de Fernando Pessoa, que abandona em 1969, por impossibilidade de controle dos manuscritos. Em março, escreve as peças em 1 ato A Morte do Papa e O Império do Oriente. Em Araraquara, a 2 de abril, discursa como paraninfo dos formandos. Ainda em abril, nas perseguições políticas subsequentes ao golpe militar de 31 de março, ou 1° de abril, é demitido, por telefone, da Faculdade de São José do Rio Preto. Em maio, escreve a novela O Físico Prodigioso. A 12 de julho, sofre grave acidente de automóvel. Em 28 e 29 de outubro presta provas de Doutoramento em Letras e de Livre-Docência em Literatura Portuguesa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, com a tese Os sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular. Inicia o romance Sinais de Fogo.
1965 Na revista O Tempo e o Modo, sai o ensaio “Edith Sitwell e T. S. Eliot” (janeiro) e o estudo sobre “O Sangue de Átis”, de François Mauriac (agosto).
Dados cronológicos ordenados a partir de:
Jorge Fazenda Lourenço, Cronologia de Jorge de Sena, in:—, ed. Jorge de Sena – Antologia Poética. Lisboa, Guimarães, 2010. p. 308-321.
Jorge Fazenda Lourenço & Mécia de Sena, org. Jorge de Sena – a voz e as imagens. Lisboa, IEP/UNL, 2000. (fotobiografia)
Mécia de Sena & Isabel M. de Sena, Jorge de Sena: bio-bibliografia, in: Quaderni Portoghesi 13-14. Pisa, Giardini, 1977 p. 13-22